O Buda
Neste texto procurarei falar um pouco da vida deste mistico e emblemático homem, e de sua filosofia de moral, de vida e fé. Buda não é um nome próprio, mas sim uma designação, que significa "Desperto", "Iluminado", "Esclarecido", assim como a palavra Cristo, significa "Messias" em grego, logo Jesus Cristo, seria "Jesus, o Messias".
Para
nós do Ocidente, Jesus Cristo é a figura religiosa mais conhecida e
fonte de muitos debates acerca de sua vida e feitos, no caso do Oriente,
Buda assume essa posição, e quanto a Maomé, este fica
mais relegado ao mundo islâmico. Todavia, tanto Jesus como Buda foram
homens de preceitos divinos e que tiveram suas vidas marcadas pela fé e
pelo misticismo, enquanto Jesus nasceu de uma virgem, no caso Maria, após Deus determinar que ela seria mãe de seu filho, aviso dado pelo anjo Gabriel, o nascimento do futuro Buda também segue preceitos semelhantes. Não
se sabe ao certo a época em que Buda vivera, sabe-se que ele viveu 80
anos, e costuma-se dizer que ele tenha vivido entre os séculos VI e V
a.C, algo que o próprio Jesus também compartilha, já que os
historiadores ainda hoje questionam a data de seu nascimento, apontando
que ele tenha vivido seus 33 anos entre o período de 8 a.C a 34 d.C.
Todavia, partamos para conhecer um pouco da vida de Sidharta Gautama o futuro Buda. Antes de nascer, diz a tradição budista que o Bodhisatva, titulo dado para aquele que virá a ser o Buda, determinou sua próxima reencarnação. Do céu em reunião com os deuses, o espírito que viria a ser Buda, determinou o local, a época e a família onde iria nascer, então ele decidiu encarnar como o filho do rei Sudohodana, da Dinastia dos Shakya e da rainha Maya. Sudohodana era rei de Kapilavastu, cidade localizada hoje no sul do Nepal.
A rainha Maya, numa noite tivera um estranho sonho, ela sonhou com um elefante branco com seis presas e a cabeça da cor de rubi, que entrara em seu flanco direito. Ao despertar do sonho, a rainha sente um bem-estar e muita felicidade. Posteriormente, ele descobre que estava grávida e meses depois, enquanto caminhava pelo Jardim de Lumbini (hoje no atual Nepal), como aponta algumas tradições, como tendo sido o local onde Sidharta nasceu, lá a rainha deu a luz a criança a qual mesmo recém nascida já sabia andar e falar, então de acordo com algumas tradições a pequena criança teria dito que:
Todavia, partamos para conhecer um pouco da vida de Sidharta Gautama o futuro Buda. Antes de nascer, diz a tradição budista que o Bodhisatva, titulo dado para aquele que virá a ser o Buda, determinou sua próxima reencarnação. Do céu em reunião com os deuses, o espírito que viria a ser Buda, determinou o local, a época e a família onde iria nascer, então ele decidiu encarnar como o filho do rei Sudohodana, da Dinastia dos Shakya e da rainha Maya. Sudohodana era rei de Kapilavastu, cidade localizada hoje no sul do Nepal.
A rainha Maya, numa noite tivera um estranho sonho, ela sonhou com um elefante branco com seis presas e a cabeça da cor de rubi, que entrara em seu flanco direito. Ao despertar do sonho, a rainha sente um bem-estar e muita felicidade. Posteriormente, ele descobre que estava grávida e meses depois, enquanto caminhava pelo Jardim de Lumbini (hoje no atual Nepal), como aponta algumas tradições, como tendo sido o local onde Sidharta nasceu, lá a rainha deu a luz a criança a qual mesmo recém nascida já sabia andar e falar, então de acordo com algumas tradições a pequena criança teria dito que:
Jardim de Lumbini, local onde Sidharta Gautama teria nascido |
"Sou o primeiro e o melhor, este é o meu último nascimento e venho dar fim à dor, à doença e à morte.
Duas nuvens vertem água fria e quente para banhar a mãe e filho; os
cegos enxergam, os surdos ouvem, os aleijados caminham, os instrumentos
musicais tocam sozinhos; os deuses do quarto céu se regoziam, cantam e
dançam; os condenados do inferno esquecem de sua dor". (BORGES, 1977, p.
10).
Pintura do nascimento de Gautama |
No mesmo dia, nasceram a futura esposa de Sidharta, Yasodhara,
seu cocheiro, seu cavalo, seu elefante e a árvore na qual ele viria a
se tornar o Buda, após meditar sob esta. Sua mãe veio falecer sete dias
depois. Enquanto isso, um vidente, chamado Asita,
desceu de seu reduto nas montanhas e fora ver o filho do rei, Asita
havia previsto o nascimento do Bodhisatva, então ele veio examinar o
jovem principe, procurando pelos sinais que lhe indicariam que aquela
criança era a predestinada a se tornar o Buda.
"Um vidente, Asita [...]. Comprova
nele as marcas do eleito: uma espécie de alta coroa orgânica na metade
do crânio, pestanas de boi, quarenta dentes muito unidos e brancos,
queixada de leão, altura igual à extensão dos braços abertos, cor
dourada, membranas interdigitais e centenas de formas desenhadas nas
planatas dos pés, entre as quais figuram o tigre, o elefante, a flor de
lótus, a montanha piramidal Meru, a roda e a suástica". (BORGES, 1977,
10-11).
Asita fica ao mesmo tempo
maravilhado e triste por aquela descorbeta. Pelo fato de ele ser velho,
logo morreria, e não poderia viver para aprender os ensinamentos de
Buda. De qualquer forma, Asita e outros sacerdotes dizem para o rei, que
o sei filho será um grande rei ou o redentor do mundo, Sudohodana fica
maravilhado com tais noticias, contudo ele prefere que o filho venha a
se tornar um grande rei, assim ele ordena que três grandes palácios
sejam construídos para o filho.
Sidharta cresce
com as mordomias e o luxo da vida de um principe, ele também é educado
por vários mestres, nas artes, na luta, na filosofia, história e outros
conhecimentos, ao completar dezenove anos ele se casa com Yasodhara, de
acordo com a tradição da época, era comum haver desafios pela mão de uma
noiva, assim o pai de Yasodhara testou o futuro genro, diz que no
desafio de arco e flecha, Siddhartha atirou mais longe que todos os
outros pretedentes, e no local que sua flecha caiu, brotou uma fonte.
Sidharta Gautama |
Naquela noite ao retornar para o
palácio, Sidarhta se sente mal ao ver que tantas pessoas passavam por
necessidades, enquanto ele desfrutava das riquezas em seu palácio de
ilusões. Ao retornar, ele é avisado que sua esposa dera luz ao seu
filho, ele parte para ver-los, ao chegar no quarto, ele vê os dois
dormindo, a mãe tinha a mão sobre a cabeça do filho o qual dormia
tranquilamente, Sidharta queria tocar o filho, mas se sente incapaz de
acordar tamanha beleza, paz e amor que testemunhava, então ele decide
partir, e retornar quando já fosse Buda.
Com a ajuda de seu fiel cocheiro Chana. Ambos deixam o palácio e partem para o Oriente, ao se distanciar na floresta, ele entrega seus pertences, o cavalo e suas vestes para o servo, ele também corta os cabelos, então manda o servo ir embora, nessa hora aparece um asceta o qual fora enviado pelos deuses. O asceta lhe entrega as três peças do traje amarelo, o cinto, a navalha, a tigela para esmolas, a agulha e a peneira para filtrar a água. O monge lhe diz que Sidharta deverá pedir esmola para sobreviver, nunca ofender aqueles que recusarem em ajudá-lo, pedir apenas o suficiente para se sustentar, e nem enganar os outros, se valendo de quem for generoso.
Com a ajuda de seu fiel cocheiro Chana. Ambos deixam o palácio e partem para o Oriente, ao se distanciar na floresta, ele entrega seus pertences, o cavalo e suas vestes para o servo, ele também corta os cabelos, então manda o servo ir embora, nessa hora aparece um asceta o qual fora enviado pelos deuses. O asceta lhe entrega as três peças do traje amarelo, o cinto, a navalha, a tigela para esmolas, a agulha e a peneira para filtrar a água. O monge lhe diz que Sidharta deverá pedir esmola para sobreviver, nunca ofender aqueles que recusarem em ajudá-lo, pedir apenas o suficiente para se sustentar, e nem enganar os outros, se valendo de quem for generoso.
Assim, o príncipe passa sete dias em
profunda solidão vagando pela floresta, até que decide procurar os
ascetas que vivem na floresta, lá ele conhece a rotina de orações,
jejuns e abstinências feitas pelos monges, contudo estes lhe dizem que
os sábios mestres vivem nas montanhas, e que eles poderiam ajudar
Sidharta a encontrar as respostas para suas perguntas, Sidarhta
passa os seis anos seguintes, treinando e aprendendo com os mestres,
praticando orações, jejuns e a mortificação e outras atividades próprias
dos monges. Contudo após estes seis anos, o monge concluiu que ainda
não havia aprendido o que deveria aprender para se tornar o Buda. Para
que isso vie-se acontecer ele teria que alcançar o Bodhi,
a verdade. Então ele deixa as montanhas e segue viagem novamente. Num
dia, ele avista uma árvore e decide que será naquele local que meditará
até alcançar o bodhi, ele só sairia dali quando se tornasse
Buda. Contudo o monge teria um último grande desafio a enfrentar, o deus
do amor, do pecado e da morte, Mara, queria impedir que Sidharta se torna-se o Buda.
Mara num dia anterior sonhou que era
derrotado pelo monge, que nem mesmo o seu grandioso exército com
milhares de feras, gigantes e demônios foram capazes de derrotar um
simples homem, contudo ele não desistiu mesmo assim, e na noite seguinte
atacou o monge. Ele leva consigo, seu exército de temíveis guerreiros,
feras, gigantes e demônios; flechas flamejantes são atiradas contra o
monge que meditava sob a árvore, porém ao chegarem próximo a ele, as
flechas se transformavam em flores; o deus tentou que o medo fizesse
Sidharta desistir de sua busca, então enviou suas temíveis criaturas
para tentar espantá-lo, mas o monge não se retirou; depois o deus
conjurou uma enorme mesa, farta em comida, tentando a rendição ao
quebrar o jejum de Sidharta, mas isso também não adiantou, por fim Mara
enviou suas filhas que tentam seduzir o monge, com música, cantoria e
danças, porém Sidharta olha para elas e lhe aponta o dedo, dizendo que
não passavam de ilusões, então as belas mulheres se revelam como velhas
decrepitas. O exército de Mara entra em confusão e foge, o próprio deus
acaba desistindo e parte.
"Só e imóvel sob a árvore, Sidharta
vê suas infinitas encarnações anteriores e as de todas as criaturas;
abarca com um golpe de vista os inumeráveis mundos do univeros; depois, a
concatenação de todas as causas e efeitos. Intui ao amanhecer as quatro
verdades sagradas. Já não é o príncipe Sidharta, é o Buda". (BORGES,
1977, p. 14).
Aos 36 anos Gautama alcançou a iluminação, tornando-se o Buda |
"Sete dias mais permaneceu Buda sob a
árvore sagrada. Os deuses o alimentam, o vestem, queimam incenso,
cobrem-no de flores e o adoram. Chove, e um rei das serpentes, um naga, se enrosca sete vezes em torno do corpo do Buda e forma um teto com suas sete cabeças". (BORGES, 1977, p. 15).
Os nagas eram
serpentes mitológicas que viviam sob a terra, porém nem todos era maus.
No oitavo dia, o naga se transformou num brâmane (casta dos sacerdotes) e
disse que protegeu Buda do frio e da chuva, Buda agradece ao brâmane e
depois este se converte ao Budismo. Depois do sacerdote, um deus e
outras divindades também se convertem ao budismo, então o próprio
Criador do Universo, Brahma desce dos céus com seu cortejo e diz para Buda que era chegada a hora de iniciar sua pregação para salvar os homens.
Buda passará os próximos 44 anos
viajando pela Índia em pregação. Sobre isso não relatarei devido a
extensão dos fatos que envolvem seus vários anos de pregação, contudo
citarei mais três fato importantes. Primeiro, ao retornar para
Kapilavastu, Buda reencontra o seu pai, sua esposa e seu filho Rahula, sua família e a corte se convertem ao budismo, mas será neste momento que Buda encontraria um traidor.
Como na história de Jesus Cristo, onde Judas Escariote traiu Jesus e os apóstolos, Buda também fora traído. O seu primo e discípulo Devadata, cobiçava o posto do Buda, este possuia muita inveja do primo, então pactuou com o príncipe Magadha
para assassinar o Buda. O principe enviou 16 arqueiros para matá-lo,
mas quando estes se deparam com ele, sua virtude, sua paz, sua alegria e
seu amor, fizera os homens desistirem de matá-lo. Devadata não
desistiu, então enviou um elefante ou vários elefantes furiosos para
atacá-lo, porém os animais acabaram se ajoelhando diante de Buda, então
Devadata acaba sendo tragado por uma fenda e cai no inferno onde é
punido por seus pecados. Buda diz que a inimizade de Devadata advêm de
vidas passadas, quando Buda o ajudou, porém ele fora ingrato com esta
ajuda, e nunca a perdoou.
Com seus oitenta anos, o deus Mara
retornou para persuadir mais uma vez o Buda de desistir de sua pregação,
ele diz que o Buda já conseguira muitos discipulos, e conseguiu
transmitir seus ensinamentos. Buda em sua gentileza e tranquilidade, diz
para que Mara não se preocupe, em três meses ele morreria. Mara e
outras divindades ficaram alarmados com o que ouviram, já que de acordo
com algumas lendas, Buda poderia viver milhares de anos, na verdade ele
seria quase imortal. Porém Buda, decide antecipar sua morte, concebendo o
fato de que estava na hora de ele partir, a final, como o seu cocheiro
havia lhe dito, muitos anos antes "tudo que nasce, morrerá um dia".
Então ele decide que sua missão estava completa, ele ensinou o que tinha
que ensinar, e era hora de partir, para se libertar da samsara (o
ciclo das reencarnações). Quando se alcança-se tal estado, passaria-se a
viver nos céus, sem a necessidade de reencarnar na Terra novamente.
Três meses se passaram, Buda, deixara que o peso da velhice lhe acomete-se, então quando estava em visita a cidade de Kusinara,
dizem as versões antigas, que o filho de um ferreiro lhe ofereceu um
pedaço de porco salgado ou uma trufa, Buda comeu, e começou a se sentir
mal, ele já sabia que isso ocorreria, então ele reuniu seu discipulos
que estavam por ali, e disse-lhe que logo morreria, todos ficaram
alarmados, contudo Buda explicou seus motivos, e depois deixou suas
últimas mensagens e ensinamentos. Ele se encontrava sentado debaixo de
duas árvores, ao entardecer. Antes de morrer, Buda disse que futuras
discóridas surgirão, e os homens deverão enfrentá-las através da fé.
Então ele se deita sobre o lado direito, enquanto sua cabeça fica
voltada para o norte e ele contempla o poente, no cair da noite, Buda já
estava morto, as árvores floresceram naquele momento, o espirito
iluminado havia deixado este corpo e este mundo.
"O cadáver é queimado nas portas da
cidade, enquanto se celebram ritos solenes dignos de um grande rei, rei
que Sidharta não quis ser. [...]. Os restos são divididos em três
partes: uma para os deuses, que aguardam em túmulos celestiais; outra
para os nagas, que aguardam em túmulos subterrâneos; outras para oito
reis, que edificam na terra oito monumentos, aos quais acorrerão
gerações de peregrinos.
Contexto histórico
Não
existe um consenso sobre a data de nascimento e falecimento de Buda,
costuma-se dizer que ele nasceu em 563 a.C e morreu em 483 a.C, contudo
alguns historiadores apontam essa data para mais, recuando até o século
VII a.C. Contudo, o período em que Buda viveu fora um período marcado
por grandes acontecimentos e por filósofos. Nessa época, viveram na China o famoso filósofo Confúcio (551-479 a.C) e possivelmente o lendário filósofo Lao Tsé (ainda há divergências sobre a veracidade da existência deste homem); na Grécia Antiga, destacam-se alguns filósofos como Pitágoras, Héraclito, Pârmenides, Tales de Mileto, etc, filósofos pré-socráticos.
Na época que Buda morreu, Roma já era uma República, o Egito era governado pela XXVII Dinastia, após ser conquistado pelos persas; Dario, o Grande governava o vasto Império Persa; O Império Japonês,
havia sido criado há poucas décadas, enfim, muitos outros fatos
históricos marcam o periodo que Buda nasceu, todavia para vocês que
acabaram de ler a respeito da origem e da vida deste homem, devem estar
pensando que isso não passa de uma mentira, pura fantasia, mas o fato é
que devemos antes de julgar, conhecer as acusações.
Na época antiga, a história e o mito
não estavam tão separados assim, como nos dias de hoje. Na verdade tal
questão perdurou além da Idade Antiga, outro fato, é que era comum
enaltecer a realidade, algo que até hoje costuma-se fazer com
determinados idolos, sendo assim, glorificar ainda mais os feitos e a
vida de um homem era algo comum, lembre-se que muitos reis e politicos
antigos fizeram isso, Carlos Magno (747-814), fundador do Sacro Império Romano-Germânico, fora homenageado com lendas sobre seus feitos; o sacro-imperador Frederico Barbarossa (1122-1190), recontou a sua origem com uma história bem semelhante a de Móises. Alexandre, o Grande, dizia-se ser filho de Zeus; Júlio César, dizia que era descedente do herói troiano Enéias.
"A verdade, por escandalosa que
seja, é que os hindus importam mais as idéias do que as datas e os nomes
próprios". (BORGES, 1977, p. 25).
Não obstante, deve ficar claro ao
leitor que muitas das lendas e histórias sobre a vidade de Buda e seus
ensinamentos foram ganhandos distintas versões ao longo dos séculos e
pelos locais que passava, o budismo começa a crescer e se espalhar de
fato, já no primeiro século da era cristã, cerca de quinhentos anos após
a morte de Buda, assim houve muita distorção da história dele, algo
comum com outras personages históricas mais antigas.
O Budismo
Irei
falar aqui um pouco da filosofia budista, focando alguns dos seus
preceitos principais, e depois falarei um pouco das suas várias
vertentes.
O budismo nasceu em uma região já profundamente influenciada pelo hinduísmo, religião ainda hoje predominante na Índia, uma religião politeista, além de uma gama de sincretismos e credos menores que se espalhavam pelas distintas regiões indianas da época, sendo assim, alguns dos ensinamentos e preceitos pregados por Buda, foram extraídos destas crenças e moldados por ele, alguns destes principios são a transmigração, a reencarnação, karma, nirvana, samsara, inferno, céu etc. Pelo fato de cada um desses preceitos terem fatos incomuns, preferi relatá-los em apenas um texto.
O budismo nasceu em uma região já profundamente influenciada pelo hinduísmo, religião ainda hoje predominante na Índia, uma religião politeista, além de uma gama de sincretismos e credos menores que se espalhavam pelas distintas regiões indianas da época, sendo assim, alguns dos ensinamentos e preceitos pregados por Buda, foram extraídos destas crenças e moldados por ele, alguns destes principios são a transmigração, a reencarnação, karma, nirvana, samsara, inferno, céu etc. Pelo fato de cada um desses preceitos terem fatos incomuns, preferi relatá-los em apenas um texto.
A transmigração, diz
respeito a condição da alma reencarnar em um corpo distinto, algo que
não apenas o budistas, hinduístas compartilham, mas também os
janesístas, além de outras religiões e filosofias, já que alguns
filósofos gregos como Platão, Epicuro, Hermotino e Empêdocles falaram acerca desta condição. A transmigração esta diretamente ligada ao karma e logo a reencarnação. A palavra karma
significa "ato" ou "ação", ele representa a condição que carregamos de
nossas vidas passadas, cada crime que cometemos, gera um karma, que se
não for corrigido ou pagado, lhe causará problemas na vida seguinte, e
assim sucessivamente enquanto o espirito estiver preso na samsara (Roda da Lei). A reecarnação é um meio no qual procura-se expiar os karmas de vidas passadas, a fim de se livrar da samsara, a qual é o ciclo de reencarnações. Quando um espirito consegue expiar todos os seus karmas, ele esta apto a alcançar o nirvana, logo estará livre da samsara e da necessidade de reencarnar para poder realizar sua expiação.
"Para o budista, os conceitos de transmigração e de karma são inseparáveis e há quem os considere como as duas faces de uma mesma moeda". (BORGES, 1977, p. 50.
Necessariamente o karma não é sempre ruim, existe o chamado "karma bom",
o qual lhe segue nas vidas seguintes, isso se mostra em pessoas que se
revelam pacificas, benevolentes e bondosas, mas enquanto o karma
ruim permanecer, o espirito será obrigado a expiar o peso de sua culpa
através de boa ações ou de sofrimentos, neste ponto entra a questão da transmigração. Se uma pessoa fora muito má em uma vida, como punição ela pode reencarnar como um animal, como um asura (um tipo de demônio), um preta
(espirito enfermo) ou se tornar um ser infernal, onde a alma é banida
para os infernos para pagar por seus pecados. Todavia, para o "karma bom" há a possibilidade de transmigra-se para o corpo de um deva, um tipo de divindade.
Sobre o karma o historiador austríaco Paul Dessen tivera uma experiência interessante. Em visita a cidade indiana de Jalapur,
Dessen realizou suas pesquisas sobre o budismo, quando decidiu
interrogar um homem cego que encontrara na rua, ele perguntou para o
homem por que ele havia ficado cego, o homem lhe respondeu "Em uma vida
passada, cometi algum crime".
Buda dizia que o karma era
algo impessoal e único, cada um tem o seu, algo que se assemelha a
metáfora da cruz, que carregamos, e que esta cruz não pode ser passada
para outro. Assim, tanto os budistas como os hinduístas, afirmam que
você pode ajudar o próximo, mas já mais tomar o fardo do outro, é
necessário que cada um aprenda por conta própria.
Mas, se até aqui compreendemos que o
karma advêm de nossos crimes e pecados, que devemos reencarnar com
sequelas ou não a fim de curar nossas almas na próxima vida, qual
caminho ou quais caminhos devem ser seguidos? Para isso, Buda criou a Nobre Senda Óctupla, a qual conduz as Quatro Nobres Verdades, se tais verdades forem alcançadas, você alcançará o estado do nirvana.
"Todas as misérias e descontentamentos da vida, ele [Buda] os filia ao egoísmo insaciável. O sofrimento, ensina ele, é devido à ambição do individuo, ao tormento do desejo imoderado. Enquanto um homem não vence toda espécie de ambição pessoal, a sua vida é pertubação e o seu fim, tristeza. Há três formas principais que assumem as ambições da vida e todas são más. A primeira é o desejo de satisfazer os sentidos, sensualidade. A segunda é o desejo da imortalidade pessoal. A terceira é o desejo de prosperidade, mundanismo. Tudo isso deve ser vencido - quer dizer, o homem tem de deixar de viver para si mesmo - para que a vida possa ser serena. Mas quando forme, em realidade, vencidos e não mais governarem a vida do homem, quando o pronome da primeira pessoa desparecer dos seus pensamentos íntimos, então, ele atingiu a mais alta sabedoria, o Nirvana, a serenidade da alma. Pois o Nirvana não significava, como muitos pensam erradamente, extinção e aniquilamento, mas a extinção e aniquilamento dos fúteis objetivos pessoais que tornam, inevitavelmente, a vida mesquinha, ou lastimável, ou horrível". (WELLS, 1966, p. 108).
"Todas as misérias e descontentamentos da vida, ele [Buda] os filia ao egoísmo insaciável. O sofrimento, ensina ele, é devido à ambição do individuo, ao tormento do desejo imoderado. Enquanto um homem não vence toda espécie de ambição pessoal, a sua vida é pertubação e o seu fim, tristeza. Há três formas principais que assumem as ambições da vida e todas são más. A primeira é o desejo de satisfazer os sentidos, sensualidade. A segunda é o desejo da imortalidade pessoal. A terceira é o desejo de prosperidade, mundanismo. Tudo isso deve ser vencido - quer dizer, o homem tem de deixar de viver para si mesmo - para que a vida possa ser serena. Mas quando forme, em realidade, vencidos e não mais governarem a vida do homem, quando o pronome da primeira pessoa desparecer dos seus pensamentos íntimos, então, ele atingiu a mais alta sabedoria, o Nirvana, a serenidade da alma. Pois o Nirvana não significava, como muitos pensam erradamente, extinção e aniquilamento, mas a extinção e aniquilamento dos fúteis objetivos pessoais que tornam, inevitavelmente, a vida mesquinha, ou lastimável, ou horrível". (WELLS, 1966, p. 108).
O nirvana é um conceito que
possui vários sentidos de compreensão, seja advindos das distintas
vertentes do budismo ou de outras filosofias antigas e modernas, mas
essencialmente Buda disse que o nirvana, palavra que pode
significar "ser assoprado", "assoprar", "apagar", "ser apagado", é o
estado de paz interior, de pureza, de transcedência dos sentidos, das
tentações dos sentidos, uma transcedência física, uma separação da
existência deste mundo. Quando se olha para o significado deste termo
pode parecer algo complicado de se entender, mas Buda dizia que em nós
existia uma Sede ou Desejo (algo chamado de Trishna),
o qual é representado por uma chama, é esta "chama" que nos impuciona a
procurar nos saciar pelos prazeres dos sentidos, logo caíndo em vicíos e
pecados, e isso acaba gerando o karma, e todo o ciclo que fora visto anteriormente. Então para se libertar do karma e da samsara,
deve-se "apagar" esta "chama". Já que toda a felicidade neste mundo é
ilusória, e a verdadeira graça esta no céu. Quando Sidharta meditava
para alcançar o bodhi, ele alcançou primeiro o nirvana, e com isso ele poderia ter encerrado seu karma na Terra e ido para um dos céus, mas ele escolheu ficar e ensinar aos outros, tal fato é referido pela expressão "Buda de compaixão".
As Quatro Nobres Verdades:
As Quatro Nobres Verdades:
- O sofrimento
- A origem do sofrimento
- A aniquilação do sofrimento
- O caminho que conduz a aniquilação do sofrimento, e tal caminho era a Senda Óctupla.
Os caminhos da Senda Óctupla:
- Palavra correta
- Ação correta
- Meio de vida correto
- Esforço correto
- Plena atenção correta
- Concentração correta
- Correta compreensão
- Correto pensamento
"Estas
normas integram um caminho do meio, equidistante da vida carnal e da
vida ascética, dos excessos do rigor e dos excessos da licenciosidade".
(BORGES, 1977, p. 56).
Se tais preceitos forem seguidos devidamente, o individuo alcançará o nirvana e sua libertação plena. Alcançando-se o nirvana a última etapa é alcançar o bodhi (a verdade) assim, a pessoa se torna um Buda. Em algumas vertentes do budismo, as pessoas procuram se tornarem um Buda.
Vertentes dos budismo
O budismo ao longo dos séculos tomou
vários rumos, que geraram várias seitas e cada uma possuem identidades
próprias, contudo estas vertentes estão agrupadas em três grandes eixos,
o primeiro diz respeito aos ensinamentos mais antigos, transmitidos
pelo próprio Buda, o segundo eixo é chamado de Mahayana e o terceiro, de
Vajrayana. Limitarei-me aqui a falar um pouco da Escola Mahayana, da Vajrayna, e a influência do budismo na China, Japão e o Lamaísmo.
Mahayana
Segundo algumas histórias, Buda não
apenas pregou para os homens e os deuses, mas também para os nagas,
demônios e outros seres, e seus ensinamentos foram copilados por alguns
monges e sacerdotes (curiosamente, Buda sabia ler e escrever, mas não
deixou nada escrito). Então por volta do ano de 150 da era cristã, um monge budista chamado Nagarjuna,
diz ter recebido dos nagas, a doutrina pregada pelo Buda a eles, assim
surgiu o Mahayana (Grande Veículo). Nesta nova vertente do budismo,
passou-se a designar as antigas doutrinas de Hinayana (Pequeno Veículo), Nagarjuna trazia novas propostas e mudanças para os ensinamentos budistas.
"Os dois veículos têm em comum as
três características do ser (impermanência ou fugacidade, sofrimento e
irrealidade do Eu), as quatro nobres verdades, a transmigração, o carma e
o meio-termo. O Mahayana se destingue pelo idealismo absoluto".
(BORGES, 1977, p. 67).
No Mahayana procura-se atenuar as ideias de karma e de "aniquilação" para se alcançar o nirvana,
enquanto Buda dizia que cada um deve construir sua própria salvação
através dos preceitos da Senda Óctupla, o Mahayna profetiza que a outros
meios de se alcançar esta graça, seja através da repetição do nome de
Buda, de oferendas, orações, meditação etc. Buda não tinha a proposta de
criar uma religião, mas mostrar o caminho para a salvação, o mesmo fez
Jesus Cristo, sua ideia não era criar uma nova religião, a fé que eles
deveriam ter era em Deus, não nele.
A Escola Mahayana, procura
introduzir para os seus seguidores, meios mais abertos e menos
conservadores do que fora proposto pelas escolas antigas, a ponto de
chegar a divergências com os velhos preceitos. Para eles, o importante
não é alcançar o nirvana em si, mas si o bodhi, as reencarnações seriam um caminho para isso. Até o próprio conceito de nirvana sofre algumas mudanças.
No Mahayana acredita-se em vários
Budas, sendo Siddharta Gautama o maior de todos, contudo profetizou-se
que o próximo Buda retonará a este mundo no ano de 4457 da era cristã, como o nome de Maitreya, que significa "o Compromisso", "O Cheio de Amor".
Budismo Tântrico
Quanto a Escola Vajrayna, essa já
toma um novo caminho em relação a escola Mahayana e o budismo
tradicional. O Vajrayna também pode ser chamado de Budismo Tântrico e
por outros nomes, este consiste numa vertente esotérica e mágica. A
magia sempre fora algo comum na vida no Oriente, e mais ainda na Índia,
desde tempos antigos. Assim, passou-se a mesclar as doutrinas mágicas e
misticas aos ensinamentos de Buda. Não se sabe ao certo quando esta
vertente surgiu, mas sabe-se que ela se divide em dois grandes eixos,
chamados de a Mão Direita, que visa o principio masculino do universo, e a Mão esquerda que visa o principio feminino do universo.
No budismo tântrico, seus discipulos
estudam através do canto de hinos, conjuros, tratados e descrições de
seres místicos, que personificam as forças mágicas e da natureza.
"O budismo tântrico crê que a iluminação somente pode ser obtida por meio de uma doutrina esotérica que o mestre, o guru, ensina oralmente ao discípulo, o chela,
e que não podemos encontrar nas escrituras sagradas. As práticas
compreendem três métodos: a repetição de fórmulas, os gestos e as danças
rituais e a meditação que nos identifica com determinadas divindades".
(BORGES, 1977, p. 88).
Por volta do século X,
as distintas escolas do budismo tântrico, chegaram ao ponto de deificar
o Buda, passando a têr-lo como um deus, algo que no budismo original
não se tinha. Além disso, o Tantra da Mão Direita, segue um caminho mais
conservador em relação ao Tantra da Mão Esquerda, a qual viabiliza a
importância das divindades femininas na doutrina, e o papel da mulher na
religião, contudo, na Mão Esquerda diferente da Mão Direita, que diz
para impedirmos de sedermos as tentações, a Mão Esquerda diz que certos
"prazeres" podem ser consumados com moderação.
Tanto as escolas Mahayana e
Vajrayana como o budismo tradicional se espalharam por outros locais da
Ásia, neste caso falarei um pouco da China e Japão, mesmo tendo o
budismo se espalhado pelo sudeste asiático e pego regiões hoje que
pertencem ao Afeganistão e Paquistão.
Budismo na China
Na China, não se sabe ao certo em
que ano o budismo fora introduzido na região, alguns historiadores
apontam que o budismo fora introduzido na região por volta do século III
a.C, por monges peregrinos, outros apontam que a introdução se derá no
século I da era cristão, no governo do imperador Ming-Ti da Dinastia Han,
o qual governou de 58 a 78. Segundo a tradição, o imperador já havia
ouvido falar sobre o Buda, mas não conhecia sua doutrina, então numa
noite ele sonhou com um homem iluminado, e acreditou que fosse o Buda,
então pediu que trouxessem monges budistas para pregar no império. As
escolas budistas chinesas, em sua grande maioria derivam da Escola
Mahayana.
Todavia,
quando o budismo independente da época que tenha chegado após o século
III a.C, se deparou ao chegar em território chinês já com duas
filosofias profundamente enraizadas na cultura chinesa, o confucionismo e o taoísmo.
O confucionismo advêm dos ensinamentos do filósofo Confúcio, já
mencionado por mim anteriormente, onde sua filosofia priorizava uma
conduta ética, moral, honra, lealdade, altruísmo, sabedoria etc. Quanto
ao taoísmo esse se apresenta tanto como uma filosofia de vida, como
também uma religião baseada nos ensinamentos do Tao "Caminho", difundidos pelo filósofo Lao Tsé.
Ambas filosofia tomavam a vida dos
chineses, e demorou que as ideias budistas se espalhasem e ganhasem
novos adeptos, principalmente devido a alguns fatos, como a reclusão em
uma vida monástica, o afastamento da família, algo que as outras
filosofias pregavam o contrário, sendo assim, de inicio os ensinamentos
budistas ficaram restritos a poucos homens das classes baixas que
buscavam ou eram enviados para a conversão nos vários templos que
começaram a surgir. Mesmo com este significativo número de templos que
surgiam ao longo do império, por muitos anos o budismo ficou relegado,
houve épocas que os imperadores probiram a divulgação de textos budistas
ou a leitura destes pelas cidades.
Bodhidarma |
Não se sabe quanto tempo Bodhidharma
viveu e passou viajando pela China, divulgando seus ensinamentos, mas
existe uma lenda na qual diz que ele passou nove anos sentado diante de
uma parede, meditando todos os dias, algo que passou a ser chamado de
"olhar parede", uma prática divulgada em alguns livros budistas
chineses. Ainda hoje o propósito desta prática ainda é incerto, mas tudo
indica que era uma forma, de se "desligar" deste mundo, a fim de se
procurar o caminho para o bodhi.
Lamaísmo
O Lamaísmo ou budismo tibetano surgiu na região montanhosa do Tibet, o qual hoje faz parte do território chinês.
"O
lamaísmo é uma curiosa extensão teocrática, hierárquica, politica,
econômica, social e demonológica do Mahayana". (BORGES, 1977, p. 75).
Diferente
de outras escolas budistas, o lamaísmo se mostra como uma religião
hieraquizada, secular e monástica, até então no budismo tradicional,
Buda nunca apresentou hieraquias entre seus discipulos, todos eram
iguais, e nunca propôs uma secularização do budismo, algo que ocorreu
com o cristianismo, que acabou gerando a Igreja Apóstolica Católica, e
após seus vários cismas, as vertentes ortodoxas, protestantes e coptas.
O lamaísmo surgiu no século VII ou VIII, com o monge Padmasambhava, chamado também de Guru Rinpoche.
O lamaísmo compartilha algumas características da Escola Varyjuna. Para
os tibetanos, Guru Rinpoche fora o segundo Buda, o sucessor de Sidharta
Gautama, para outros, ele fora mais um dos Budas que viveram no mundo,
todavia, ele fora o fundador da mais antiga escola budista tibetana, a Nyngima.
Hoje existem outras escolas, mas me prenderei a falar essencialmente da
organização do lamaísmo que tem como principal figura o Dalai Lama (Grande Rei).
Os Dalai Lamas são os lideres religiosos da escola Gelug, e desde o século XIV com a aparição do primeiro Dalai Lama, Gedun Truppa (1391-1414) são os principais representantes do budismo tibetano e de sua política, desde o século XVII.
O Dalai Lama, divide sua autoridade com o Panthohen Lama
(Glorioso Mestre), ambos formam o poder temporal e espiritual do
lamaísmo, algo visto nos papas, principalmente no período medieval. A
palavra lama significa "mestre", denotando a
hieraquização da religião, mesmo essa possuindo uma vertente popular,
apenas os mestres recebem o titulo de lama. O lamaísmo possui
uma série de liturgias, que o diferenciam de outras escolas, liturgias
essas que pregam a leitura, o canto e a recitação dos textos litúrgicos,
os saddahanas, o conhecimento da música, da
pintura, da caligrafia, da escultura, o conhecimento dons antigos ritos
misticos e mágicos, existe uma forte presença demonológica nesta
cultura, onde procura-se afastar os demônios e os maus espiritos, algo
que também é visto em outras religiões e culturas do Oriente e
Ocidente.
Atual Dalai-Lama |
Zen Budismo
O chamado Zen budismo tem sua origem
da tradição Ch'an, trazida para China por Bodhidharma, como dito
anteriormente. No século VI esta tradição chega ao Japão e ganha o nome
de Zen, posteriormente outras escolas budistas também chegaram ao país. O
Zen budismo também fora introduzido em Taiwan e nas Coréias, além de
outros países. Um fato importante de se compreender sobre o Zen, diz respeito a busca do bodhi, chamado nesta tradição de satori.
De acordo com uma história, Bodhidharma fora interrogado pelo seu aluno Shen-Kuan,
o qual havia dito para o mestre, que não conseguia compreender os seus
ensinamentos, que sua mente estava confusa e sem tranquilidade.
Bodhidharma quebrou seu silêncio medidativo, e lhe disse: "Mostre-me tua
mente e te darei a paz", o discipulo respondeu: "Quando busco minha
mente, não dou com ela". Bodhidharma sorri e lhe diz: "Já estás em paz".
Se recodarmos do principio do nirvana dito anteriormente, veremos que o monge Shen-Kuan, não estava longe de alcançar o nirvana e o satori.
Para se alcançar o satori, é comum no Zen, utilizar-se do kean,
o qual seria uma pergunta sem respostas lógicas. Todavia, de acordo com
os ensinamentos do Zen, cada pessoa tem seu próprio tempo para alcançar
ou não o satori, isso pode levar meses, anos ou décadas, o satori
as vezes é representado pela metáfora de um relâmpago, o qual de forma
tão sublime e de repente, ele acontece, assim é quando você alcança o satori. Claro que existem, outros meios de se alcançar o satori,
como através da meditação, de exércios físicos e mentais, já que o zen
ensina as artes da pintura, poesia, música, caligrafia, da arquitetura,
dos jardins, das artes marciais, do arco e flecha, e existem histórias
de métodos bem mais severos, que danificavam o corpo.
Além
destas artes e da meditação, o Zen também prega preceitos de etiqueta,
cordialidade, respeito, educação, tradição, características vistas nas cerimônias do chá.
"Para o Zen, os atos mais comuns podem ser executados com um sentido religioso e devem enaltecer a nossa vida". (BORGES, 1977, p. 98).
NOTA: Na China, por volta dos século XV e XVI fora escrito o conto A Jornada ao Oeste,
no qual narra a viagem de um monge chinês para a Índia a fim de
resgatar pergaminhos budistas. Na jornada o monge terá que enfrentar
muitos perigos e inimigos, então ele é auxiliado por um cavalo, um porco
e pelo rei-macaco Sun Wukong. Tais histórias são bem
populares no Oriente, e aqui no Ocidente, o que mais se aproxima desta
história é a adaptação criada por Akira Toriyama, na série de mangá/anime Dragon Ball. "Para o Zen, os atos mais comuns podem ser executados com um sentido religioso e devem enaltecer a nossa vida". (BORGES, 1977, p. 98).
NOTA 2: Os templos budistas japoneses são conhecidos pelos seus belos e intrigantes jardins, o mais famoso é o do templo de Ryoan-Ji em Quioto.
NOTA 3: Os mais antigos templos shaolin existem há mais de mil anos. Desde então monges vem sendo treinados.
NOTA 4: A personagem Shaka, Cavaleiro de Ouro de Virgem da série Cavaleiros do Zodiaco (Saint Seiya), segue uma doutrina budista, fato este que ele sempre aparece meditando, e tendo os olhos fechados para este mundo. Além disso, seus poderes fazem referêncais a conceitos budistas.
NOTA 5: Quando o Dalai Lama morre, ele reencarna em uma criança, geralmente da classe baixa e camponesa. Então seus seguidores investigam todas as crianças que nasceram, para identificar o próximo Dalai Lama.
NOTA 6: Os conceitos de reencarnação e karma também são compartilhados com o Espiritismo e a Teosofia.
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